quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cartola - O Eterno



Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, foi um dos grandes sambistas que já existiu por nossas terras tupiniquins. Nasceu no rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908 e foi o fundador da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Quando Cartola tinha 15 anos, sua mãe faleceu, com isso ele abandonou os estudos e arranjou trabalho de servente. 
Cartola usava um chapeuzinho coco para se proteger do cimento que caía das construções. daí vem o apelido. Ele foi um verdadeiro poeta, compunha e tocava canções belíssimas, cheias de emoção, cantou as alegrias e tristezas do Samba.
Após a morte de sua mãe, ele vivia às desavenças com seu pai, que não aguentando as brigas com o filho, acabou expulsando Cartola de casa, aos 17 anos de idade. Então por um período levou uma vida de boemia, 'visitava' casa de prostitutas (contraiu até doenças venéreas), vivia nas ruas, nos bancos de praça e até envolveu-se com uma mulher casada, chamada Deolinda. Acabaram fugindo do marido de Deolinda e indo morar juntos num barraco (barraco em que até Noel Rosa abrigou-se por um tempo!). A partir daí, Cartola foi "descoberto" lá pelo morro que vivia e o Brasil pôde ver o talento que nele existia. Lá pela década de 30, seus sambas se popularizaram e as canções de Cartola foram cantadas por muitas feras como Carmem Miranda, Sílvio Caldas entre muitos outros. Mas um tempo depois, Cartola desapareceu e nada sabíasse de seu paradeiro. Aconteceu vários fatos ruins em sua vida naquele período, como a morte de sua esposa, desentendimentos com seus amigos da Escola de Samba da Mangueira e uma possível meningite que teria contraído.
Em 1956, o sambista foi reencontrado pelo jornalista Sérgio Porto, trabalhando como lavador de carros em Ipanema (pasmem!).


Cartola e Zica

Depois daí Cartola voltou às atenções do público, casou-se novamente (Dona Zica) e com sua nova esposa até fundou um "restaurante musical". O restaurante tinha uma comidinha de qualidade, pois Zica era cozinheira de mão cheia e Cartola promovia diversos encontros com os sambistas e artistas da época no local. O restaurante Zicartola foi um dos grandes points dos consagradíssimos sambistas-poetas de nossa história. Cartola viveu o resto de seus dias com Zica, mas nunca teve nenhum filho com ela. Cartola faleceu aos 72 anos, vítima do câncer. Três dias antes de morrer, Carlos Drummond de Andrade ofereceu a última homenagem que Cartola receberia em vida: uma comovente crônica que foi dedicada ao sambista no Jornal do Brasil.  Seu corpo foi velado na Primeira Estação da Mangueira, contando com a presença de vários intelectuais, políticos e muitos amigos do samba, grandes nomes da nossa música, como Clara Nunes, umas das grandes amigas de Cartola.


Cartola influenciou grandes artistas consagrados (como Cazuza) e embora tenha falecido no século passado, sua arte não consegue passar despercebida, seu violão, voz e melancolia nos revela um artista cheio de talento e sensibilidade. Cartola, meu eterno poeta! 




Vídeo da canção "O Mundo é um Moinho", direto do túnel do tempo :D
http://www.youtube.com/watch?v=L8U1Y9PBfig&feature=related

"A sorrir pretendo levar a vida"

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